Histórico da educação de surdos no ceará:
A História da Educação de Surdos do Estado do Ceará começou a partir da intenção do Professor Hamilton Cavalcante de Andrade, em fundar uma Instituição que viesse atender pessoas com surdez. A ideia surgiu após ter conhecido o Instituto Nacional de Educação de Surdos - INES no Rio de Janeiro quando então era estudante dessa cidade. Ao retornar para Fortaleza, como professor das duas universidade públicas do Estado do Ceará, a Universidade Estadual do Ceará - UECE e Universidade Federal do Ceará - UFC na área de Linguística, usou de seu prestígio junto ao Secretário da Educação, o Sr. Joaquim de Figueiredo Correia, para implantar uma escola para surdos no Ceará.
Por
determinação do Governador do Estado, o Sr. Parsival Barroso, coube ao
Secretário de Educação acompanhar de perto o trabalho de fundação do
Instituto Cearense de Educação de Surdos -ICES, que teve seu primeiro
prédio alugado à Rua Vistconde do Rio Branco. Sob a direção do Professor
Hamilton Cavalcante de Andrade. Foi formado um grupo de profissionais especializados em surdez e providenciado um curso no Instituto Nacional
de Surdos - INES, no Rio de Janeiro, para aqueles professores que não
possuíam habilitação em Educação Especial.
O ICES foi fundado no dia 25 de Março de
1961, e conforme o contexto histórico daquele momento, adotou uma
abordagem de ensino oralista, o qual propõe o ensino da língua oral para
que o sujeito surdo se integre ao mundo ouvinte, pressionando o ensino
da fala como essencial, algo que lhe desse status, o que não corresponde
às condições ideais para que o sujeito surdo adquira linguagem e forme o
pensamento.
Vale salientar que a comunidade surda presente na Instituição utilizava a LS informalmente. A LS desenvolvida nos pátios e nos corredores da escola tinha influência da LS utilizada no Rio de Janeiro, pois os surdos adultos frequentemente tinham contato com os surdos do INES e através das Associações.
Na década de 90, motivado pelas
associações, pastorais, Feneis, comunidade surda e pelos professores que
naquela época começaram a entrar em contato com as pesquisas sobre a
importância da língua de sinais para o ensino dos surdos, o Ices iniciou
seu processo de mudança de uma abordagem oralista até chegar à
abordagem bilíngue.
A escola se manteve dentro do modelo
oralista ate o ano de 2001 e aos poucos, os alunos foram conquistando
liberdade de se comunicar em sinais, instrutores surdos foram
contratados para o ensino de LIBRAS e intérpretes também passaram a
fazer parte do quadro funcional da escola.
Impulsionado, pelos movimentos das associações constituídas pelas comunidades surdas em todo o Brasil o presidente da republica, Fernando Henrique Cardoso, sancionou em 24 de abril de 2002, a lei que reconhece a língua brasileira de sinais como "a forma de comunicação e expressão (...) um sistema linguístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil". Esta lei, posteriormente foi regulamentada pelo Decreto 5626/2005, no qual é enfatizada a necessidade de que a língua brasileira de sinais – LIBRAS seja objeto de uso corrente nas comunidades surdas; procura assegurar a presença de profissionais interpretes nos espaços formais e instituições, como na administração pública direta e indireta e a inclusão do ensino da LIBRAS nos cursos de formação de educação especial, fonoaudiologia e magistério e profissionais interpretes sendo optativo para o aluno e obrigatório para a instituição de ensino.
Atualmente, com mais de 52 anos de existência, o ICES é a única Instituição Pública Estadual do Ceará destinado exclusivamente para a Educação dos Surdos, além de receber alunos, que além da surdez, têm outras comprometimentos.
Em
2010, a escola tem em seu registro de matrícula ao todo 500 alunos: 12
na Educação Infantil, 126 no Ensino Fundamental I, 266 no Ensino
Fundamental II, 64 no Ensino Médio e 32 na Educação de Jovens e Adultos.
A grade curricular e a carga horária são as mesmas do Ensino da Rede
Escolar Estadual, tendo como diferencial a disciplina Libras, que está
presente em todas as turmas da escola com carga horária semanal de 4h/a e
é ministrada por professores surdos.
Fonte:www.ices.seduc.ce.gov.br
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